26.02.2013
Árvore Generosa

Ethel Leon

O designer Pedro Useche está para lançar, em conjunto com a empresa Taedda, um objeto cativante: o cabideiro chamado Árvore Generosa, que será vendido desmontado em componentes.

Projetada para usar uma placa de pinus certificado, cortada em seu aproveitamento máximo, a Árvore tem montagem fácil, exigindo apenas uma chave de fenda. Dois tipos de parafusos e duas cavilhas são os elementos de ligação entre as partes. A expectative é que os compradores façam a montagem com facilidade.

O cabideiro tem forma final que guarda os princípios que a geraram: os recortes, a estrutura em quebra-cabeças, uma marcenaria simplificada e também uma alusão antropomórfica. Talvez lembre um pouco os esquemas de Bruno Munari em seus ensinamentos para desenhar árvores, uma estrutura central que se abre em galhos.

Aqui são galhos inteligentes, mãos francesas que repetem o desenho dos pés, bandejas que se sobrepõem, orifícios que permitem usos diversos. O antropomórfico a que me refiro não é daqueles de mimetizar silhuetas humanas, mas o de perceber os objetos como nossas próteses.

No projeto de Pedro Useche confrontam-se passado e presente de forma curiosa.

Os mancebos tradicionais acomodam roupas e acessórios. Esse cabide é sugestivamente mais ‘multitarefas’, como indicam as necessidades do cotidiano contemporâneo.

É um móvel de apoio para as tantas coisas que nos acompanham na vida diária, de celulares a escritos, de barras de cereais a óculos, vitaminas, copos, chaves e cartões. O provisório, antes restrito a meia dúzia de itens, marcava o fora e o dentro de casa. Era apenas apoio para chapéus, guarda-chuvas, cachecóis, casacos...

Agora, a vida cotidiana tem maior lastro de provisoriedade, e essa fugacidade ganhou ares de permanência. Nossa vida é permanentemente provisória; não marcamos compromissos com antecedência sem confirmá-los várias vezes nos últimos instantes...

Acumulamos tarefas sempre em atraso. E é para essas jornadas exaustivas e precárias que a Árvore de Useche foi projetada.

No entanto, o fato de ser produzido com esta placa de pinus maciço, os recortes da madeira em formatos da marcenaria tradicional (embora o corte seja feito a laser) nos faz percebê-lo como um móvel de estimação, antigo, sólido. Daí a estranha curiosidade que provoca.

Não é daqueles móveis que, readaptados para novas funções, guardam na casca a lembrança do que já foram, como geladeiras antigas transformadas em bares, baús que viram bancos e outros tipos de arranjos que decoradores fazem em nome da conservação de uma memória perdida.

A Árvore é claramente contemporânea, mas o projeto soube tirar partido desse sabor de passado que o pinus e a marcenaria simples imprimem.

O nome Árvore Generosa foi sugerido pelo livro infantil do mesmo nome, do grande cartunista Shel Silverstein.

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